A lavanda é uma das plantas mais faladas na Aromaterapia por várias razões. Trata-se de uma planta medicinal de uso milenar muito versátil. O seu óleo essencial é o mais vendido, o mais consumido no mundo da Aromaterapia.
Historicamente, a lavanda-verdadeira (Lavandula officinalis / Lavandula angustifolia) era usada na Grécia e Roma Antigas na cura de doenças, para limpeza, incluindo os banhos públicos e a lavagem de roupa. Também era usada para perfumar ambientes, purificando e equilibrando a energia, trazendo paz e harmonia. Na Roma Antiga, as flores de lavanda eram de tal forma valorizadas, que 500 gr de flores representavam 1 salário mínimo proporcional àquela época. Era também usada pelos Egípcios, na formulação de produtos de cuidados de beleza, e junto com outras plantas, era usada em rituais de embalsamento.
Embora não hajam certezas quanto à origem do seu nome, pensa-se que deriva do latim lavare, referindo-se a “lavar”, de limpeza, ou livere, que significa azulado, remetendo à cor das flores. No que diz respeito à origem da lavanda, sabe-se que a região do Mar Mediterrânio, em todo o seu redor, se popularizou como o berço desta planta aromática, assim como de várias outras plantas aromáticas.
Tornando-se uma planta popular, o seu cultivo foi aumentando e tornando a planta mais acessível para a maioria das pessoas. Mais próximo do nosso tempo, no início do século XX, o “pai da Aromaterapia” – René-Maurice Gattefossé – teve um papel fundamental, não apenas por ser considerado o principal responsável pelo surgimento da Aromaterapia e por ser o autor do termo “Aromaterapia”, mas também pelo investimento que fez na produção da lavanda, permitindo que fosse reavivada após um processo de decadência da produção da lavanda em França, em que tanto a flor como o óleo essencial estavam extremamente desvalorizados. O referido investimento, feito juntamente com políticos da época, permitiu a recuperação da produção da lavanda e a subsequente introdução do seu óleo essencial no mercado.
Apesar de a lavanda ter “chegado” a outros países como a Hungria, Bulgária, Inglaterra, etc, a sua produção ficou comprometida e chegou mesmo a cessar em muitos países, como consequência de as fazendas terem sido confiscadas no pós-guerra (II Guerra Mundial). A queda do comunismo permitiu o retomar da produção da lavanda, sendo hoje a Bulgária o maior produtor europeu de lavanda, e o maior exportador de óleo essencial de lavanda. A França, com uma capacidade limitada de solo para a produção de lavanda, tem um volume de importação de óleo essencial de lavanda fina da Bulgária muito alto, pelo que muito do óleo essencial de lavanda exportado da França é búlgaro.
Ainda que hajam mais de 45 espécies de lavanda, na Aromaterapia usam-se essencialmente três espécies de lavanda, sendo que cada uma se adapta melhor em determinadas altitudes:
· Lavanda-verdadeira (Lavandula angustifolia): Cresce em altitudes superiores a 800 metros do nível do mar; é rica em linalol e acetato de linalila, uma dupla consagrada na Aromaterapia, pois são responsáveis pelo efeito ansiolítico e pela ação sedativa do óleo essencial de lavanda-verdadeira, razão pela qual este óleo essencial é o mais procurado. Rendimento aproximado: 100 kg = 800 gr de OE.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: Calmante do sistema nervoso central, relaxante, sedativo, antistress; hipotensor; ansiolítico e antidepressivo; anti-inflamatório; antálgico; anti-infecioso; antissético; mio relaxante e antiespasmódico; cicatrizante; emenagogo.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Stress, ansiedade, depressão (incluindo depressão pós-parto), agitação, angústia generalizada; frequência cardíaca elevada; queimaduras solares, alergias cutâneas; prevenção ou tratamento de pediculose (piolhos); problemas de concentração; relaxamento neuromuscular; relaxamento dos músculos lisos e estriados.
RECOMENDAÇÕES: Diluir em caso de uso tópico. Desaconselhado durante o 1º trimestre de gravidez. Não confundir com outras lavandas, principalmente a Lavanda latifólia, lavanda stoechas, e lavandins; requer cuidado na conservação, para reduzir o risco de oxidação.
· Lavanda Spike / Macho (Lavandula latifólia): Cresce naturalmente até aos 800 metros de altitude do nível do mar; é rica em cânfora e cineol, responsáveis pela sua ação estimulante. Rendimento aproximado: 100 kg = de 600 gr a 1 kg de OE.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: Antibacteriano, antifúngico; anti-infecioso; anti-inflamatório; antálgico, analgésico; cicatrizante; expetorante, mucolítico; antitóxico.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: queimaduras recentes; picadas de animais venenosos; infeções catarrais nas esferas ORL e respiratória (bronquite, sinusite, otite); acne, feridas infetadas, micose cutânea.
RECOMENDAÇÕES: Diluir em caso de uso tópico. Contraindicado em caso de antecedentes de epilepsia ou convulsões; prudência na difusão na presença de asmáticos; contraindicado em crianças abaixo dos 3 anos, e desaconselhado para crianças abaixo dos 6 anos.
· Lavandim (Lavandula hibrida): Da polinização por parte das abelhas das duas espécies referidas acima e do cruzamento de ambas surge o lavandim, um híbrido que não consegue reproduzir-se naturalmente e cuja produção depende de estaquia. Quimicamente, esta espécie partilha das características de ambas as lavandas angustifólia e latifólia, pelo que a cânfora e o cineol anulam o efeito sedativo do linalol e do acetato de linalila. Rendimento aproximado: 100 kg = 1,2 kg de OE (maior rendimento da planta representa preço mais baixo). É particularmente benéfico para cuidados de pele.
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: Antálgico; anti-inflamatório; anti-infecioso; descontraturante muscular; cicatrizante; relaxante; repelente de insetos, anti-piolhos.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Dores, inflamações, contraturas musculares, espasmos, caimbras; queimaduras, dermatites infeciosas; acne.
RECOMENDAÇÕES: Diluir em caso de uso tópico. A cânfora presente no OE de Lavandim restringe a sua utilização durante a gravidez, aleitamento, crianças inferiores a 6-7 anos, asmáticos ou epiléticos.
São imensos os estudos científicos que confirmam as propriedades da lavanda, em variadíssimos contextos. É sempre bom lembrar que o linalol e o acetato de linalila não são exclusivos do OE de lavanda, pelo que, se o seu aroma não for agradável para algumas pessoas, poderão recorrer, por exemplo, à Bergamota ou Menta Bergamota (ou Hortelã Bergamota) para conseguir o seu efeito ansiolítico e sedativo.
Podemos ainda beneficiar dos diferentes tipos de lavanda no campo emocional e energético. Deixamos alguns excertos de autores renomados da Aromaterapia, para se deliciar com informações sobre esta planta.
“Se tiver de comprar apenas um óleo essencial, que seja a lavanda. Ele é o estandarte da Aromaterapia francesa, a sua panaceia. “Bom para tudo”, este óleo essencial é indispensável em toda a farmácia doméstica. Além da sua eficácia notável, ele é bem tolerado e não é caro. (Lavanda angustifolia)” Danièle Festy
“A lavanda spike é particularmente efetiva para tratar problemas respiratórios como bronquite e laringite. Facilita a respiração e limpa a cabeça, aliviando dores associadas ao catarro. Suas propriedades analgésicas a tornam útil para reduzir dores musculares e reumáticas, promovendo o relaxamento. É útil também para aliviar dores provenientes de picadas de insetos.” Salvatore Battaglia
“A lavanda-verdadeira é uma “madre Teresa”, uma panaceia universal para todos. Basta recorrer a ele quando lhe parecer bom para perceber a sua potente ação. Etimologicamente, lavandula vem do verbo latino lavare, que significa “purificar o espírito”. É evidente, então, que a lavanda-verdadeira elimina as ideias obscuras, acalma os transbordamentos afetivos, ajuda a perdoar tanto a si quanto aos outros. Se o paciente gostar de sua fragrância, nenhuma dúvida de que ele terá em mãos um harmonizador pronto para prestar auxílio a toda a agressão que desestabiliza o indivíduo. Calma e serenidade são suas grandes mensagens.” Dominique Baudoux
IMPORTANTE: As propriedades, indicações e métodos de uso são retirados de obras de referência ou sites em aromaterapia, hidroterapia e fitoterapia. Eles são encontrados regularmente e muitos deles foram confirmados por observações na comunidade científica. No entanto, esta informação é fornecida para fins informativos, não pode de forma alguma constituir informação médica, nem envolver a nossa responsabilidade. Para qualquer uso para fins terapêuticos, consulte-nos ou consulte outro aromaterapeuta.